Estou acabado. Meu corpo inteiro dói. Parece que fui atropelado por um caminhão, mas a verdade é que fui atropelado pela nostalgia. Ontem, passei o domingo pulando, bebendo, comendo e andando pra lá e pra cá no festival The Town.
Um line-up que parecia tirado de um pôster da adolescência: Green Day, Iggy Pop, Bad Religion, Pitty, CPM 22, Capital Inicial, Supla… Nenhum deles lança um hit novo há mais de uma década, mas isso pouco importa — estavam todos lá, e nós também. Lotando o autódromo de Interlagos para reviver o tempo em que o mundo fazia sentido.
Falei sobre isso no Chevetalks com Patrick Maia — nostalgia como ativo emocional. A minha geração paga caro para reviver momentos que lembram de quando a vida era mais simples, mais analógica, mais nossa. Pré-iPhone, pré-feed, pré-performances de 15 segundos. Mas o paradoxo é que hoje, nos shows, viramos cinegrafistas amadores. Filmamos o show inteiro com o celular em pé, como se a única forma de guardar um instante fosse através do aparelho.
Não vou cair na crítica fácil ao uso de celulares em shows. Também não quero analisar sociologicamente o comportamento coletivo de quem tenta capturar o próprio passado.
Meu ponto é outro: a nostalgia vende. E vende muito. É o combustível emocional por trás de slogans como “Make America Great Again”. O eleitor não quer a América grande — ele quer o sentimento infantil de quando acreditava que a América era o máximo. A novela das 21h que dá ibope hoje é remake do sucesso dos anos 80. Galvão Bueno não se aposenta porque ainda temos saudade de uma época em que torcer era um evento coletivo. E olha o Oasis juntos novamente! Lá se vão nossas economias…
Disse pro Patrick e repito aqui: o problema não é buscar o passado. É deixar de criar memórias novas. É estar tão obcecado com o que já foi que não nos tornamos capazes de viver o presente e o que ainda pode ser.
E foi isso que salvou meu domingo. Entre vovôs-garotos-emo, fui surpreendido por Kamasi Washington, um artista contemporâneo que mistura jazz, dub, hip hop e misticismo sonoro num palco menos badalado, porém cheio de alma. Seu primeiro disco é de 2015 — ou seja, ainda há vida inteligente sendo produzida no presente. E foi lindo.
Resumo do dia: nostalgia, sim. Mas também descoberta. Como a vida deve ser.
Afinal, como escreveu Renato:
“O que foi escondido é o que se escondeu.
E o que foi prometido, ninguém prometeu.
Nem foi tempo perdido.”
NO AR: INTELIGÊNCIA ORGÂNICA
Reflexões sobre tecnologia, pensamento crítico e o que nos torna humanos.
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Até a próxima, Pedro Cortella.