Na Natureza Selvagem Do Meu Apartamento

Há quase dez anos, adotamos um casal de gatos, irmãos da mesma ninhada: Mujica e Magnólia. Eles chegaram pequenos, assustados e, desde o primeiro dia, montaram uma espécie de sistema de defesa tão eficiente que rapidamente se tornaram especialistas em desaparecer. 

Sempre fui uma pessoa de gato, acostumado com sua independência e com o afeto que nunca se entrega por inteiro. Mas Mujica e Magnólia levaram isso a outro nível. A maioria das pessoas que entra na nossa casa sequer sabe que temos gatos. Eles somem antes mesmo do visitante tirar o sapato — como se o som do elevador parando no nosso andar disparasse um protocolo de sumiço absoluto.

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Apesar de irmãos, os dois não são próximos, não dormem juntos, não se lambem, não compartilham afeto. Dividem o território como dois eremitas que se reconhecem à distância e mantêm uma convivência possível, raramente fraterna.

Até que, há algumas semanas, a Magnólia mudou. Ela, que sempre foi magra, ficou magrinha demais. Evita comer, passa horas imóvel atrás da geladeira ou num canto escuro do armário com um olhar que não parece repouso — parece desistência. 

Isa levou ao veterinário. Diagnóstico: problema renal, um fantasma que é familiar para quem, como eu, já teve outros gatos de apartamento. O tratamento é chato: fluidoterapia, remédio na goela… e, infelizmente, é tudo cuidado paliativo. Não há promessa de melhora plena. O rim não volta.

E justamente nessa fragilidade que a gente vê requintes de crueldade sobre o porcelanato. O Mujica, do mais absoluto nada, começou a rosnar para ela. A rejeitá-la de um jeito quase perverso. Como se sua vulnerabilidade fosse uma ameaça. Como se a dor dela acendesse nele algo primitivo, uma memória antiga de que o fraco compromete o grupo — mesmo que o grupo seja só uma dupla que nunca se amou de verdade. 

EP.66 – TED Talks, Dunning-Krieger e o Risco de Pilular o Conhecimento | Georgia Lima

O que acontece quando uma curadora com 10 anos de TEDx — e uma “realista esperançosa” por vocação — analisa a tiktokização do conhecimento e os perigos de transformar complexidade em pílulas virais? Recebo Georgia Lima para uma conversa profunda sobre o paradoxo do TED, a ilusão de saber explicada pelo Efeito Dunning-Krieger, o futuro dos encontros presenciais e a arte de criar ideias que realmente transformam. Falamos sobre ego, charlatanismo, curadoria aristotélica (Ethos, Pathos, Logos) e o desafio de manter profundidade em um mundo que premia velocidade.

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EP.67 – Polarização Afetiva, Crítica à Esquerda e Didatismo Acusatório | Sávio Di Maio

Como conversar em um país onde o debate político se tornou uma guerra emocional e o adversário virou inimigo moral? Recebo Sávio Di Maio, cientista político da USP e idealizador do Despolarize-se, para discutir a crise da esquerda, a ascensão da militância identitária, a distância entre academia e classe trabalhadora, o imaginário evangélico e o fenômeno que ele chama de “didatismo acusatório”. Uma conversa urgente sobre diálogo, autenticidade, bolhas digitais, disputas espirituais e a falência das lideranças que falam apenas com seus nichos.

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FORMAÇÃO EM GESTÃO DE IA NA ESPM

No dia 22 de janeiro de 2026, começa uma formação que construí com a ESPM: a Formação em Gestão de Inteligência Artificial. Não é um curso para aprender prompts, mas para preparar profissionais capazes de integrar tecnologia, estratégia e discernimento humano em um mercado que ainda não sabe aplicar IA de forma madura. Vamos discutir limites, riscos, aplicações reais e, principalmente, o que deve continuar sendo humano nesse novo cenário. As aulas acontecem entre janeiro e março, no formato híbrido, e são uma oportunidade para quem quer desenvolver visão crítica e capacidade prática de conduzir projetos de IA com segurança e clareza. Se esse tema ressoa com você, vale olhar com atenção.

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Até a próxima, Pedro Cortella.

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