Sábado passado comemorei meu aniversário num restaurante com amigos. Cheguei ao meio-dia e saí às dez da noite. Dez horas de conversa, risadas e reencontros — sem pressa. Na manhã seguinte, ao abrir o celular, veio uma alegria inesperada.
Durante boa parte da minha vida, viver era registrar. O jornalismo e, depois, o empreendedorismo digital, me ensinaram a não deixar nada escapar. Gravar momentos começou como hábito, mas virou vício. E o vício, com o tempo, se transformou em dependência.
Até o ano passado, eu não via problema nisso. Achava que o benefício de eternizar memórias superava qualquer dano. Afinal, a extensão digital da minha vida me permite revisitar, quando quiser, versões antigas de mim mesmo. Lá estão, flutuando em algum datacenter que chamamos de “nuvem”, inúmeros “Pedros” do passado. É prático, principalmente para quem, como eu, nunca teve uma boa memória natural.
Mas em que momento o vício em registrar momentos especiais nos deixou gravando todos os momentos?
Ao trocar de celular, ficou evidente como isso tem me incomodado. Me perguntam sobre a câmera do novo iPhone — ainda um símbolo de status que desperta curiosidade. Respondo que não notei diferença alguma. Mal usei, pra falar a verdade.
E foi justamente isso que me fez tão feliz no domingo de manhã: havia apenas uma única foto na galeria. Dos amigos que ficaram até o final. O iPhone passou o dia inteiro guardado no bolso. Um registro só que representa um dia inteiro – sem explicitar detalhes. Gosto mais assim.
Talvez o verdadeiro luxo não seja ter o último modelo de celular. Luxo, de verdade, é não ter celular. É poder viver um dia inteiro sem ter nada para provar que ele aconteceu.

NO AR: INTELIGÊNCIA ORGÂNICA
Reflexões sobre tecnologia, pensamento crítico e o que nos torna humanos.
EP.56 – Ansiedade e Medo: Por Que Ninguém Quer Mais Se Relacionar de Verdade? | Carol Tilkian
Você sente que tá todo mundo online, mas ninguém tá realmente junto? O podcast Inteligência Orgânica encara a real: a tecnologia e a ansiedade estão complicando nossas amizades e amores.
Neste episódio, Pedro Cortella bate um papo com Carol Tilkian (@caroltilkian_amorespossiveis), psicanalista e expert em relações humanas. Ela acredita que a saída pra essa solidão toda está no afeto de verdade — mesmo quando tudo parece nos empurrar pro isolamento.
Falamos sobre a solidão disfarçada de conexão, o perigo das “intimidades frias” nas redes, o culto ao amor próprio que virou desculpa pra evitar vínculos, e o medo que faz a gente fugir de qualquer entrega. Até a inteligência artificial entra na conversa: será que desabafar com a máquina ajuda — ou aprofunda o vazio?
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EP.57 – Como Reinventar-se Após Término e Demissão | Adriano Lima
O que acontece quando o crachá e o status deixam de te definir? O Inteligência Orgânica conversa com Adriano Lima, um dos maiores nomes em gestão e comportamento humano no Brasil, sobre o colapso de identidade que vem depois de perder o emprego — e sobre o que nasce desse vazio.
Uma conversa sobre vulnerabilidade, propósito e reinvenção. Adriano fala sobre a demissão e o fim do casamento que o forçaram a recomeçar, sobre o perigo de viver dentro do “personagem executivo” e a importância de pedir ajuda quando o corpo e a alma pedem pausa.
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Convite Especial – Alma Talks | Summit Cultural 2025
O Alma Talks chega a São Paulo em uma edição especial que reunirá grandes vozes da comunicação, da escrita, da psicanálise e da educação.
Serão três painéis de palestras de 40 minutos — um grande encontro pensado para quem busca conteúdo de qualidade, troca de ideias e reflexões sobre os temas que moldam o mundo em que vivemos.
Pedro Mota Cortella (@pedrocortella) apresenta:
“Se é Pixel, Não é Real – O Humano em Tempos de Inteligência Artificial”
Vivemos numa era em que tudo pode ser simulado: amor, empatia, conhecimento, presença. Em um mundo moldado por redes, métricas e inteligências artificiais cada vez mais convincentes, Pedro convida o público a refletir sobre os limites entre o real e o representado, entre a persona e a presença, entre o algoritmo e a alma.
06 de novembro
São Paulo – Teatro das Artes, Shopping Eldorado
Abertura dos portões: 19h
Início das palestras: 20h
Até a proxima, Pedro Cortella

