“Então é Natal e o que você fez?” É a melhor frase do John Lennon. Melhor que “imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz”. É melhor porque, assim como a Mariah Carey, é uma reflexão que descongela todo ano nessa época.
No Brasil, pensamos nela na voz da Simone. Lembra do clipe com ela caminhando ao lado de muitas crianças cantando em coro “Hiroshima, Nagasaki, Mururoa, ahhh”?
Então é Natal, e o que eu fiz? Bom, fiz coisas que deram errado e coisas que deram certo. Melhor focar nos acertos: neste ano, comecei essa newsletter e também um podcast. Dei um duplo twist carpado no meu posicionamento – de promotor das redes sociais, ensinando autoridade digital e colaborando para mais pessoas passarem mais tempo em frente às telas – para alguém que ativamente joga contra (sem sair do sistema). Mudei de estrategista digital para ativista do pensamento crítico, seja lá o que esses dois rótulos querem dizer. Mergulhei em estudos sobre o futuro e inteligência artificial e, quanto mais fundo eu ia, mais tinha a certeza de que o legal mesmo é trabalhar com inteligência orgânica.

De um completo pessimista em relação ao futuro, passei a ter esperança. Encontros presenciais, experiências que a ciência não explica e longas conversas foram a terapia que possibilitou essa mudança.
A Antroposofia (alerta de pseudociência) diz que nossa vida pode ser dividida em ciclos de 7 anos. Esse 2025 marcou o fim de um setênio para mim. Dos 35 aos 42 anos consolidamos um papel social, uma identidade funcional no mundo. A partir dos 42, começa um ciclo diferente: menos orientado por expectativa externa e mais por coerência interna.
É o momento de trocar o que faço por reconhecimento para o que faço por convicção. Curiosamente, muitas pesquisas em psicologia do desenvolvimento e até na neurociência apontam esse período como um ponto comum de reavaliação de propósito, valores e prioridades.
Se no começo deste texto a pergunta era “Então é Natal, e o que você fez?”, a resposta honesta é: fiz escolhas que me aproximaram de uma vida mais consistente com aquilo em que acredito hoje.
E, olha, tá bem legal, viu!? Essa é a última edição da Resistência Humana do ano, Feliz Natal e nos vemos em 2026!
NO AR: INTELIGÊNCIA ORGÂNICA
Reflexões sobre tecnologia, pensamento crítico e o que nos torna humanos.
EP.70 – Filosofia, IA e o Poder Libertador do “Não Sei” | Flaw Bone
Em um mundo obcecado por respostas rápidas, prompts perfeitos e produtividade infinita, qual é o lugar da dúvida? Recebo Flaw Bone, filósofa, doutoranda em Ontologia Computacional pela UFRJ e estrategista de branding, para uma conversa densa e necessária sobre ética da IA, crise de propósito e o risco de terceirizarmos nossa humanidade em troca de eficiência. Falamos sobre o papel da filosofia na construção de sistemas inteligentes, o perigo das fórmulas prontas do marketing digital, a confusão entre valores e verdades absolutas e por que a habilidade mais revolucionária da nossa era talvez seja saber dizer “não sei” — e, às vezes, simplesmente deixar quieto.
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EP.71 – Afrofuturismo, Pertencimento e o Amor Como Tecnologia Social | Noelle Gomes
O que acontece quando filosofia deixa de ser abstração acadêmica e volta a ser ferramenta de vida? Recebo Noelle Gomes, pensadora, palestrante e idealizadora do Afrofuturismo Aplicado, para uma conversa profunda sobre ancestralidade africana, pertencimento, racismo estrutural e cura coletiva. A partir de sua história pessoal — incluindo a cegueira repentina aos 17 anos — Noelle conecta saberes Banto, Zulu e Yorubá com temas como constelação familiar, hierarquia, tempo, amor e espiritualidade. Um episódio sobre desacelerar, escutar os mais velhos, romper o isolamento contemporâneo e entender por que nenhuma transformação real acontece pela força, mas pela consciência.
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CURSO: FORMAÇÃO EM GESTÃO DE IA
Se esses episódios tocaram em algo que você sente no dia a dia — o excesso de hype, a pressa por respostas fáceis e a dificuldade de tomar decisões responsáveis em meio à avalanche tecnológica — vale conhecer a Formação em Gestão de Inteligência Artificial da ESPM. O curso foi desenhado para quem precisa ir além das ferramentas e entender IA como estratégia, governança e escolha humana. Aulas entre janeiro e março, em formato híbrido, com foco em tomada de decisão real, ética e liderança em um cenário que já mudou, mesmo que muita gente ainda finja que não.
Até a próxima, Pedro Cortella.
