Nos últimos três anos, a inteligência artificial deixou de ser promessa e virou pressão. Empresas de todos os tamanhos sentiram a mesma urgência: adaptar-se rápido ou ficar para trás. Ao mesmo tempo, o mercado criou uma bolha raramente vista. A NVIDIA ultrapassou US$ 5 trilhões em valor de mercado, as big techs inflaram como nunca e startups de IA já representam 43% de todo o valor dos unicórnios do planeta.
Mas, por trás dessa corrida, existe um fato incômodo: quase ninguém está colhendo resultado.Um estudo do MIT avaliou 300 projetos de IA em empresas do mundo real. O número é brutal: 95% não geraram aumento de receita — e muitos pioraram a performance. Outro experimento do mesmo instituto mostrou que profissionais usando IA sem preparo ficam mais rápidos… e também mais errados. Ganha-se velocidade, perde-se discernimento. Os pesquisadores chamam isso de “competência deslocada”: a ilusão de saber mais do que se sabe. É o Efeito Dunning-Kruger turbinado!

Eu vivi esse cenário por dentro. Na Agência Sophya, fomos obrigados a fazer uma reorganização profunda para não sermos engolidos. Reduzimos equipe, reestruturamos processos e aprendemos a diferença entre automatizar por impulso e automatizar com critério. Uma gestora de social media hoje opera como designer, editora e copywriter — não porque virou super-heroína, mas porque entende como orquestrar a IA sem entregar seu julgamento a ela.
Esse abismo entre expectativa e preparo apareceu com força na entrevista que fiz com o economista Eduardo Giannetti. Ele mostrou que, desde 2022, as empresas listadas na bolsa americana ganharam US$ 21 trilhões em valor — quase dez vezes o PIB brasileiro. Mais da metade desse salto veio de apenas dez empresas ligadas à tecnologia e IA. A conclusão dele foi simples: “Isso não se sustenta.” É riqueza sem lastro, alimentada por excesso de otimismo, desigualdade crescente e uma demanda desesperada por soluções mágicas.
A pergunta que fica é inevitável: estamos usando a IA ou apenas sendo usados por ela?
Se seguimos recomendações cegamente e deixamos que a máquina decida por nós, trabalhamos para ela. Mas, quando entendemos seus limites, vieses e distorções, ela se torna amplificação e não ameaça.
Essa reflexão foi o ponto de partida da conversa que tive com o Interney, meu professor na pós de Marketing Digital na ESPM há quase dez anos. Falávamos do que realmente falta no mercado: não operadores de ferramentas, mas gestores capazes de integrar tecnologia, estratégia, ética e execução real.
Desse diálogo nasceu o embrião da Formação em Gestão de Inteligência Artificial da ESPM — um programa criado para quem quer se preparar de verdade para esse novo cenário. As aulas acontecem de janeiro a março, no formato híbrido, e foram desenhadas para formar profissionais capazes de liderar, decidir e implementar IA com clareza e responsabilidade, exatamente como as pesquisas do MIT indicam que o mercado precisa.
Se essa discussão fez sentido para você, vale acompanhar de perto. Porque o futuro não vai recompensar quem usa IA no automático — e sim quem desenvolve repertório, critério e visão para colocá-la em seu devido lugar: como ferramenta, não como guia.
NO AR: INTELIGÊNCIA ORGÂNICA
Reflexões sobre tecnologia, pensamento crítico e o que nos torna humanos.
EP.64 – “Narcose Digital” e a Bolha de 21 Trilhões | Eduardo Giannetti
O que acontece quando um dos economistas e pensadores mais respeitados do país — e que vive completamente desconectado das redes — analisa a bolha de 21 trilhões criada pela Inteligência Artificial? Recebo Eduardo Giannetti, autor de Imortalidades e membro da ABL, para uma conversa franca sobre a narcose digital que entorpece a sociedade, a crise silenciosa dos EUA, o inesperado otimismo com o Brasil e as perguntas filosóficas que nos perseguem diante da finitude, do livre-arbítrio e do medo da morte.
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EP.65 – Shadow AI, Tutores Digitais e o Fim da Escola Tradicional | George Stein
Como a IA está mudando o que significa aprender — e colocando em risco escolas, empresas e a própria autonomia humana? Recebo George Stein, fundador da Pedagogi.IA, para uma conversa direta sobre Shadow AI, tutores hiperpersonalizados, o impacto do ChatGPT na educação, os perigos de confundirmos estatística com inteligência e o novo papel dos professores em um mundo onde a tecnologia avança mais rápido do que nossa capacidade crítica de acompanhá-la.
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CURSO: FORMAÇÃO EM GESTÃO DE IA
Se você sentiu, em algum ponto desse texto, que está vivendo esse mesmo descompasso entre o hype da IA e a prática real nas empresas, então vale olhar com carinho para a Formação em Gestão de Inteligência Artificial da ESPM. É um programa criado exatamente para quem quer sair da superficialidade das ferramentas e aprender a conduzir projetos, tomar decisões seguras e liderar times em um mercado que já mudou — mesmo que a maior parte das organizações ainda não tenha percebido. As aulas acontecem entre janeiro e março, no formato híbrido, e podem ser uma das escolhas mais estratégicas que você faz para 2026.
Até a próxima, Pedro Cortella.

